Foto: Charles Guerra (Diário)/
A origem do Natal, seus símbolos e rituais perpassam a história e carregam a dicotomia de elementos religiosos e pagãos. Do nascimento de Jesus Cristo à figura do Papai Noel, da troca de presentes até a tradição de símbolos como o presépio e a árvore. Tudo soma-se ao mobiliário urbano, onde o consumismo protagoniza a maioria dos cenários. Um ornamento, porém, parece prenunciar, como nenhum outro, a época natalina a partir de uma mensagem visual fixada na porta: a guirlanda. Também presente em estabelecimentos, prédios públicos e instituições, é nos lares onde ela mais aparece. Vista de fora, desdobra-se em sentidos diversos para quem está no lado de dentro. Nos últimos dias, a reportagem do Diário percorreu diversos bairros de Santa Maria e voltou o olhar para as tantas portas encontradas no caminho que estampavam o adereço. Algumas foram abertas e revelaram a visão de Natal e as escolhas de cada família, que, a sua maneira, materializou a data a partir de um enfeite na porta da frente. Confira nesta e nas próximas páginas histórias que contam um pouco do significado das guirlandas para quem as escolheu.
(Colaborou Karen Borba)
Valquiria não acredita em Natal...

Foto: Charles Guerra (Diário)/
...Mas tem uma guirlanda na porta de casa. Ela também não acredita em Papai Noel e no encanto do período natalino, que muitos preservam por devoção ou mera repetição. A dona de casa Valquiria D'Avila da Silva, 28 anos, tem cinco filhas: Gisele, 10 anos; Marisa, 9; Amanda, 7; Érica, 4, e Emanuely, 2. As meninas não só acreditam como também esperam pelo Bom Velhinho.
Contudo, a descrença de Valquiria não aniquila a resistente capacidade de sonhar das filhas. Quando, na última semana, Érica chegou da rua com a guirlanda e lembrou que "estava perto do Natal", a mãe logo pendurou o objeto. "Foi presente do tio", disse a menina. A propósito, esse é o único enfeite que remete à data no imóvel de dois cômodos onde a família mora há cerca de oito anos, no Bairro Nova Santa Marta.
_ Posso ser bem sincera? Para mim, o Natal morreu desde que minha mãe e meu pai se foram. Não existe. Coloquei ali na porta porque penso em só agradar as gurias, que esperam pelo Papai Noel, mas não sei se ele vem _ diz a dona de casa, levantando a dúvida sobre a presença do Bom Velhinho.
Enquanto o 25 de dezembro não chega, Valquiria vive a passagem dos dias resignada. Se algum presente aparecer, será de um vizinho ou desconhecido. Há meses, ela aguarda por um dinheiro prometido pelo pai das meninas, que não mora com elas, mas não o dá como certo. Se receber, o que ela mais espera é de apenas ter a dignidade de fazer uma ceia junto das filhas. Mas nada de panetones e perus. Valquira já se realiza se conseguir comprar batatinhas para o Natal:
_ Se eu receber esse dinheiro aí, quero comprar umas batatinhas, que é o que as gurias gostam. E fazer uma janta gostosa, com maionese. Se não der, ano que vem é outro ano.
Do lixo para a alegria da casa

Foto: Lucas Amorelli (Diário)/
Na Rua das Rosas, no Bairro Patronato, uma casa chama a atenção de quem passa. E não é pela cor rosa da residência, que combina com o nome da rua, mas, sim, pela decoração natalina que praticamente toma conta de toda a porta de entrada da casa.
Além dos festões de Natal cor de prata, na grade da porta impera, majestosa, uma guirlanda vermelha com um barbudo Papai Noel. Um adereço que ganhou um significado muito bonito para a dona da casa, a auxiliar de limpeza Silvia Barcelos Carvalho, 52 anos. Ela conta que retornava para casa há dois anos quando encontrou o enfeite em uma lata de lixo na Rua Tuiuti, no Centro.
De acordo com ela, que tem 10 filhos, 29 netos, e dois bisnetos, o achado chegou para alegrar a vida dela e das crianças, que são o real motivo dos enfeites natalinos pela casa.
_ Eu gosto muito de Natal, mas eu faço isso mais pelas crianças. Por isso, quando eu encontrei essa guirlanda no lixo, logo pensei em trazer para casa. O ano passado foi o primeiro ano que usei _ comenta Silvia, enquanto afaga o enfeite como se fosse algo muito precioso. E para ela, de fato, é.
No mesmo terreno em que está a casa da dona Silvia, também está a casa do filho e da nora. Na porta da casa deles, há uma guirlanda confeccionada pela auxiliar de limpeza, cujos itens para compor o enfeite também foram encontrados no lixo.
_ Eu fiquei tão feliz de montar a guirlanda para minha nora, e o melhor que foi tudo com coisas que eu achei. E eu fiz já faz umas duas semanas _ conta, orgulhosa.
A auxiliar de limpeza mora em uma casa humilde, sem luxo algum. Mas, nem por isso, economiza sorrisos. Silvia diz que gosta muito desta época e das casas enfeitadas. E explica por que a sua não recebeu a decoração completa neste ano.
_ Antes, eu fazia mais coisas. Colocava luzinhas na frente da casa, mas, aí, fiquei sem luz, porque não consegui pagar. Mas eu gosto de Natal, porque é o nascimento de Jesus _ conclui.
Um elo entre mãe e filha

Foto: Charles Guerra (Diário)/
Depois de quatro anos, a manicure Ana Helena Fagundes Morais, 46 anos, voltará a passar o Natal ao lado da mãe, Maria Cedenir, que estava internada em uma clínica de repouso. A mãe é acamada, teve uma perna amputada em decorrência do diabetes e necessita de cuidados especiais.
_ Sou filha única e eu não tinha como deixar de trabalhar. Agora, moramos eu, ela, o gato, os cachorros. Meu filho tem a casa ali nos fundos. Neste ano, que foi difícil, também ganhei coisas boas. A melhor foi esse presente, que é trazer minha mãe de volta para perto de mim _ contou a manicure, sem conter as lágrimas.
Outro presente que Ana ganhou da própria mãe anos antes de ela ser internada foi o que manteve vivas as lembranças familiares quando a ausência e a saudade apertavam no peito:
_ Essa guirlanda que está aí, ganhei dela. Sempre esteve comigo em todos os Natais para eu não esquecer da mãe. Aprendi com ela e sempre monto o pinheiro, enfeito tudo, mas a guirlanda é sempre a primeira coisa que vai para a porta. Espero que as pessoas olhem para ela e se contagiem de bons sentimentos.
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Foto: Lucas Amorelli (Diário)/
Depois de quatro anos, a manicure Ana Helena Fagundes Morais, 46 anos, voltará a passar o Natal ao lado da mãe, Maria Cedenir, que estava internada em uma clínica de repouso. A mãe é acamada, teve uma perna amputada em decorrência do diabetes e necessita de cuidados especiais.
_ Sou filha única e eu não tinha como deixar de trabalhar. Agora, moramos eu, ela, o gato, os cachorros. Meu filho tem a casa ali nos fundos. Neste ano, que foi difícil, também ganhei coisas boas. A melhor foi esse presente, que é trazer minha mãe de volta para perto de mim _ contou a manicure, sem conter as lágrimas.
Outro presente que Ana ganhou da própria mãe anos antes de ela ser internada foi o que manteve vivas as lembranças familiares quando a ausência e a saudade apertavam no peito:
_ Essa guirlanda que está aí, ganhei dela. Sempre esteve comigo em todos os Natais para eu não esquecer da mãe. Aprendi com ela e sempre monto o pinheiro, enfeito tudo, mas a guirlanda é sempre a primeira coisa que vai para a porta. Espero que as pessoas olhem para ela e se contagiem de bons sentimentos.
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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Depois de quatro anos, a manicure Ana Helena Fagundes Morais, 46 anos, voltará a passar o Natal ao lado da mãe, Maria Cedenir, que estava internada em uma clínica de repouso. A mãe é acamada, teve uma perna amputada em decorrência do diabetes e necessita de cuidados especiais.
_ Sou filha única e eu não tinha como deixar de trabalhar. Agora, moramos eu, ela, o gato, os cachorros. Meu filho tem a casa ali nos fundos. Neste ano, que foi difícil, também ganhei coisas boas. A melhor foi esse presente, que é trazer minha mãe de volta para perto de mim _ contou a manicure, sem conter as lágrimas.
Outro presente que Ana ganhou da própria mãe anos antes de ela ser internada foi o que manteve vivas as lembranças familiares quando a ausência e a saudade apertavam no peito:
_ Essa guirlanda que está aí, ganhei dela. Sempre esteve comigo em todos os Natais para eu não esquecer da mãe. Aprendi com ela e sempre monto o pinheiro, enfeito tudo, mas a guirlanda é sempre a primeira coisa que vai para a porta. Espero que as pessoas olhem para ela e se contagiem de bons sentimentos.
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Foto: Lucas Amorelli (Diário)/
Depois de quatro anos, a manicure Ana Helena Fagundes Morais, 46 anos, voltará a passar o Natal ao lado da mãe, Maria Cedenir, que estava internada em uma clínica de repouso. A mãe é acamada, teve uma perna amputada em decorrência do diabetes e necessita de cuidados especiais.
_ Sou filha única e eu não tinha como deixar de trabalhar. Agora, moramos eu, ela, o gato, os cachorros. Meu filho tem a casa ali nos fundos. Neste ano, que foi difícil, também ganhei coisas boas. A melhor foi esse presente, que é trazer minha mãe de volta para perto de mim _ contou a manicure, sem conter as lágrimas.
Outro presente que Ana ganhou da própria mãe anos antes de ela ser internada foi o que manteve vivas as lembranças familiares quando a ausência e a saudade apertavam no peito:
_ Essa guirlanda que está aí, ganhei dela. Sempre esteve comigo em todos os Natais para eu não esquecer da mãe. Aprendi com ela e sempre monto o pinheiro, enfeito tudo, mas a guirlanda é sempre a primeira coisa que vai para a porta. Espero que as pessoas olhem para ela e se contagiem de bons sentimentos.
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Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)/
Depois de quatro anos, a manicure Ana Helena Fagundes Morais, 46 anos, voltará a passar o Natal ao lado da mãe, Maria Cedenir, que estava internada em uma clínica de repouso. A mãe é acamada, teve uma perna amputada em decorrência do diabetes e necessita de cuidados especiais.
_ Sou filha única e eu não tinha como deixar de trabalhar. Agora, moramos eu, ela, o gato, os cachorros. Meu filho tem a casa ali nos fundos. Neste ano, que foi difícil, também ganhei coisas boas. A melhor foi esse presente, que é trazer minha mãe de volta para perto de mim _ contou a manicure, sem conter as lágrimas.
Outro presente que Ana ganhou da própria mãe anos antes de ela ser internada foi o que manteve vivas as lembranças familiares quando a ausência e a saudade apertavam no peito:
_ Essa guirlanda que está aí, ganhei dela. Sempre esteve comigo em todos os Natais para eu não esquecer da mãe. Aprendi com ela e sempre monto o pinheiro, enfeito tudo, mas a guirlanda é sempre a primeira coisa que vai para a porta. Espero que as pessoas olhem para ela e se contagiem de bons sentimentos.
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reprodução
Depois de quatro anos, a manicure Ana Helena Fagundes Morais, 46 anos, voltará a passar o Natal ao lado da mãe, Maria Cedenir, que estava internada em uma clínica de repouso. A mãe é acamada, teve uma perna amputada em decorrência do diabetes e necessita de cuidados especiais.
_ Sou filha única e eu não tinha como deixar de trabalhar. Agora, moramos eu, ela, o gato, os cachorros. Meu filho tem a casa ali nos fundos. Neste ano, que foi difícil, também ganhei coisas boas. A melhor foi esse presente, que é trazer minha mãe de volta para perto de mim _ contou a manicure, sem conter as lágrimas.
Outro presente que Ana ganhou da própria mãe anos antes de ela ser internada foi o que manteve vivas as lembranças familiares quando a ausência e a saudade apertavam no peito:
_ Essa guirlanda que está aí, ganhei dela. Sempre esteve comigo em todos os Natais para eu não esquecer da mãe. Aprendi com ela e sempre monto o pinheiro, enfeito tudo, mas a guirlanda é sempre a primeira coisa que vai para a porta. Espero que as pessoas olhem para ela e se contagiem de bons sentimentos.
E X E P E D I E N T E
reportagem
PÂMELA RUBIN MATGE
SUELEN SOARES
edição
THAISE MOREIRA
fotos
CHARLES GUERRA
GABRIEL HAESBAERT
LUCAS AMORELLI
design
RAFAEL GUERRA